JOEL PETER WITKIN

Joel-Peter Witkin nasceu no dia 13 de setembro de 1939 no Brooklyn, Nova York. As diferenças religiosas entre seu pai judeu e sua mãe católica nunca foram superadas, o que os levou ao divórcio, sendo que Witkin, ainda menino, permaneceu morando com sua mãe.

Durante a infância, várias foram as experiências que, segundo o artista, influenciaram o trabalho e a obra acumulados ao longo dos mais de cinqüenta anos dedicados à fotografia.

Fatos como os de quando Witkin tinha aproximadamente 5 anos de idade, e seu pai lhe mostrava algumas fotografias da Life, da Look, do Daily Mirror, etc., para, de alguma maneira, incentivá-lo ao trabalho de fotógrafo e assim, por intermédio do filho, concretizar a experiência fotográfica na sua própria vida.

Em seu livro The Bone House, o fotógrafo descreve outras experiências marcantes que influenciaram sua maneira de encarar a vida e serviram como inspiração para algumas de suas obras. Witkin conta que, ainda pequenino, presenciou um grave acidente de carro em frente a sua casa. Ele recorda que nesse acidente uma garota foi decapitada e que sua cabeça rolou até seus pés. O que mais lhe chamou a atenção naquela cena foi a impressão obtida a partir dos olhos já sem vida da garota.

Depois do ginásio Witkin conseguiu um emprego que lhe proporcionou os primeiros conhecimentos sobre as técnicas fotográficas, incluindo fotografias coloridas. Posteriormente, em 1961, após alistamento no exército, serviu como sargento até 1964, período em que documentava por meio de fotografias os acidentes militares.

Depois do serviço militar, Witkin retornou a Nova York e trabalhou como fotógrafo profissional atuando como freelancer, assistente técnico, realizando fotografias comerciais e fotos para medicina. Após ganhar o BFA da Cooper Union, estudou escultura e recebeu uma bolsa de estudos em poesia da Universidade Columbia. Em 1974, Witkin recebeu uma bolsa de estudos CAP em fotografia do New York State Council on the Arts.

Realizou graduação e pós-graduação na Universidade do Novo México. Foi ganhador de uma bolsa na Fundação Ford em 1977. Em 1982, 1984 e 1986 foi premiado com bolsa NEA e recebeu seu MFA em 1986 da Universidade do Novo México. Em 1988 o fotógrafo recebeu o International Center of Photography Award e o Distinguished Alumni Citation da Cooper Union; em 1990, o ministro francês da cultura, Jack Lang, premiou-o com o Chevalier des Arts et de Lettres. Em 1993, o American Center in Paris juntamente com o NEA possibilitaram-no criar um programa permanente de fotografia na França, que posteriormente foi expandido para Itália, Eslováquia e Reino Unido.

São vários os museus que possuem fotografias de Witkin em seus acervos permanentes, entre eles a Bibliothèque Nationale em Paris, o San Francisco MoMA, Amsterdam’s Stedelijk Museum, o New York MomMA, o Whitney.

Obra

O fotógrafo Joel-Peter Witkin realiza trabalho autoral cujo processo de criação das cenas revela-se na minuciosa escolha de temas e personagens, elaboração das cenas com cenários e iluminação específicas, processo técnico laboratorial preciso, composição dos nomes das obras.

Observando parte de sua obra, percebeu-se certa recorrência de temas que permeiam as fotografias do artista. Temas míticos são fonte privilegiada de inspiração para “Leda”, “Daphine and Apolo”, “Sátiro”, “Cupid & Centaur in the Museum of Love”.

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Outra referência bastante presente nas fotografias de Witkin é a busca da beleza em pessoas que normalmente sofrem preconceito por parte da sociedade ocidental devido a algum tipo de desvio do padrão corporal considerado hegemonicamente perfeito. Este é o tema de Woman on a Table, Men Wihtout Legs, Beauty has Three Nipples.

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A natureza-morta aparece em grande número de obras de Witkin. O fotógrafo substituiu as flores, frutas e animais exuberantemente arrumados para disfarçar o fato de estarem mortos que tradicionalmente compõem os quadros de natureza-morta, por corpos humanos sem vida, arranjados em cenas cuja mensagem imagética é realçada e focada pelo nome escolhido para a obra. Essas fotografias geralmente trabalham temas fortes e impactantes, de fundo filosófico, que pode ser percebido como uma crítica contundente ao modelo de organização e de vida proposto pela sociedade ocidental atual. Mais adiante analisaremos especificamente uma dessas fotografias.

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Como os artistas contemporâneos em geral, Witkin também trabalha a questão da arte auto-referente a si mesma, o que, segundo Bourdieu, é uma das características da autonomização do campo da arte (Bourdieu, 1989). Podemos verificar nítidas referências aos pintores Pablo Picasso e Diego Velásquez, na fotografia As Meninas. Também se percebe, que o trabalho do fotógrafo está profundamente marcado por artistas como Bosch, Leonardo da Vinci, Goya, entre outros.

Quando questionado sobre sua obra, Witkin atribui sua forma de concepção às experiências particulares de sua vida e ao processo de aprimoramento técnico que pôde dominar graças às diversas bolsas adquiridas como forma de reconhecimento pelo seu trabalho artístico.

O fotógrafo, que trabalha principalmente em P&B, desenvolveu técnicas próprias de tratamento das imagens em laboratório, para obter como resultado fotografias com aspecto de envelhecidas. Muitas vezes os negativos são arranhados de propósito, e posteriormente ampliados, utilizando-se para isso papel de seda como filtro de luz, dando assim textura e uma certa falta de foco à imagem. Outra técnica usada é a viragem em alumínio e a aplicação de pigmentos a fim de retocar ou alterar o resultado final da foto. Para finalizar o processo da ampliação das imagens fotográficas, as fotos são revestidas com cera de abelha quente e posteriormente reaquecidas; quando a cera esfria Witkin faz um polimento, o que aumenta consideravelmente o brilho das imagens. Devido a todos os cuidados entre a concepção e a realização das fotografias, Witkin produz em média dez obras por ano.

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Marilisa Santos n 9570 MM

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